Justiça decreta prisão temporária de suspeito de matar aluna da USP
24/04/2025
(Foto: Reprodução) Segundo a investigação, Esteliano Madureira é o homem que aparece no vídeo gravado por uma câmera de segurança perseguindo Bruna. Vítima foi achada morta com sutiã ao lado do corpo. Suspeito de matar Bruna é considerado foragido
A Justiça de São Paulo decretou a prisão temporária por 30 dias de Esteliano José Madureira, principal suspeito de matar Bruna Oliveira da Silva, na Zona Leste de São Paulo. Agora, ele é considerado foragido. A decisão do Tribunal de Justiça foi tomada no fim da noite de quarta-feira (23).
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De acordo com a investigação, Esteliano é o homem que aparece no vídeo gravado por uma câmera de segurança perseguindo Bruna. A filmagem foi feita em 13 de abril, do lado de fora da estação de Metrô Corinthians-Itaquera (veja abaixo). Esteliano foi reconhecido nas imagens por uma pessoa da região que o conhece.
Em sua decisão, o juiz Leonardo Fernando de Souza Almeida justificou a decretação da prisão diante da possibilidade de o suspeito fugir, uma vez que ele não tem residência fixa. Segundo a polícia, Esteliano mora em um barraco em um "acampamento" de usuários de drogas nas redondezas.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa do investigado.
Vídeo mostra momento em que homem segue estudante da USP morta perto de metrô
Como a Polícia Civil encontrou calcinhas na casa dele, o Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga se a vítima também sofreu algum tipo de violência sexual.
O corpo de Bruna foi encontrado no dia 17, num estacionamento da região. Estava seminu e com ferimentos, inclusive de queimaduras. A perícia da Polícia Técnico-Científica fez exames, e os laudos irão apontar se ela foi vítima de abuso sexual.
Peritos ouvidos pelo g1 disseram que ela tinha uma fratura numa vértebra do pescoço, o que sugere que pode ter sofrido um estrangulamento e morrido por asfixia. Também foram encontrados um saco plástico próximo ao cadáver. A causa da morte, no entanto, ainda não foi divulgada oficialmente pelas autoridades.
Tanto as calcinhas quanto um sutiã encontrado perto do corpo da vítima foram apreendidos e serão periciados. A polícia quer saber se as peças são de outras possíveis vítimas de Esteliano. Policiais estão verificando boletins de ocorrências na região para saber se mulheres registraram queixa contra ele.
Esteliano tem 43 anos e já teve passagem criminal anterior por roubo. O crime foi cometido em 2008, quando foi preso, mas, durante o julgamento, ele foi absolvido.
"Nossas equipes buscam localizar esse homem, que sabemos que é morador da região, mas não conhecia a vítima. Nos vídeos analisados, ele aparece seguindo a estudante. Depois, as imagens não mostram mais nada nem os dois. Suspeitamos que ele a agarrou e a levou para o local onde a matou", disse Ivalda Aleixo, diretora do DHPP, ao g1.
Esteliano Madureira é apontado pela polícia como o homem que aparece no vídeo seguindo Bruna Silva. De acordo com a investigação, ele matou a vítima
Reprodução
Quem era Bruna
Bruna tinha 28 anos. Ela deixou um filho de 7 anos, fruto de um relacionamento anterior.
No dia em que sumiu, ela havia voltado da casa do atual namorado para a estação de Metrô. Dali, Bruna decidiu caminhar até a casa onde morava com o pai. O local fica um quilômetro distante dali. O corpo da estudante foi encontrado a 2 quilômetros da estação.
O celular da estudante não foi encontrado com ela. O DHPP suspeita que o telefone possa ter sido levado por Esteliano. Dois dias após o desaparecimento da mulher, o aparelho estava sendo usado, segundo a investigação.
Seu ex-marido, o atual namorado da estudante e a família dela foram ouvidos pela polícia. Antes de desaparecer, a estudante estava na casa do namorado, no Butantã, na Zona Oeste da capital.
"Quando vi que ela não tinha chegado [em casa], foi um choque", disse Igor Rafael Sales, que namorava Bruna havia três meses.
Corpo de estudante que desapareceu após sair da estação Itaquera é encontrado com marcas de agressão em SP
Bruna era formada em história pela Universidade de São Paulo. Fez mestrado no programa de história social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP em 2020.
Recentemente, ela tinha sido aprovada para o mestrado de pós-graduação em mudança social e participação política na mesma universidade.
Minha filha sempre lutou em prol do feminismo. Ela era muito contra a violência contra a mulher. Ela estudava isso e morreu exatamente como ela mais temia e como eu mais temia. E aí pergunto: Por que não fui eu? A dor seria bem menor.